Rugido das Cinzas

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Rugido das Cinzas

Fortaleza de Valthor tremia sob um céu de cinzas, suas torres de obsidiana cravadas como lâminas contra o horizonte. O frio cortava a pele, e o silêncio parecia vidro, prestes a se despedaçar. No Grande Salão do Conselho, runas apagadas vibravam nas paredes, sussurrando segredos perdidos. Um grito rasgou o ar, afiado como uma adaga. Um mensageiro, o rosto pálido sulcado por fios negros que se contorciam como veias envenenadas, cambaleou e caiu diante do trono de Zoryn Noctor. “Taryn falhou,” gemeu, a voz entrecortada, os olhos arregalados refletindo o terror da fronteira. “O coral de Aelina… perdido. O Tecelão de Sombras despertou!” A névoa lá fora rugia, faminta. Noctumbra estava à beira do colapso. O que Taryn escondeu?

O salão explodiu em murmúrios, as vozes dos conselheiros se entrelaçando como cordas prestes aromper. Zoryn Noctor ergueu-se, o manto de veludo negro caindo em dobras pesadas. Seus olhos cinzentos, frios como o aço de Valthor, varreram a multidão. Ele cerrou o punho, os nós dos dedos branqueando. “Taryn nos traiu,” declarou, a voz um trovão que silenciou o caos. “Ele libertou o Tecelão sem controle, expondo-nos a Vyrneth!” O nome de Vyrneth pairou, um veneno no ar. Zoryn ordenou destacamentos ostensivos à fronteira com Solarina, exigindo sigilo.

Mas o Conselho se dividiu. Torren, isolacionista, gritou: “Fortifiquemos Valthor! Só a guerra nos salvará!” Drenar, líder reformista, suas cicatrizes brilhando sob a luz fraca, rebateu: “Diplomacia com Solarina é nossa única chance antes que o Coração desperte!” Zoryn observava, o rosto rígido. Seus dedos apertaram o cordão de prata no pescoço, um gesto que ninguém notou. Que segredo ele guarda?

Veyra Noctris permanecia no centro do Salão, a capa de veludo roçando o chão frio. O cordão de prata em seu pescoço pulsava ao tremular da luz das lanternas de Éter. Seus olhos cinza fixavam um ponto distante, carregados de um peso que a sufocava. Lirion, jovem guardião de cabelos negros e olhos violeta, avançou. “Veyra salvou Lira do Tecelão!” Sua voz cortou o tumulto, um farol na escuridão. Mas Torren, com um sorriso afiado, cuspiu: “Mas, agora quer fugir para Zefíria. Covarde!” Lira, encostada em uma coluna, o braço enfaixado, ergueu a cabeça. “Veyra é nossa esperança,” murmurou, a voz frágil. O tumulto engoliu suas palavras. Veyra cerrou os punhos, a lâmina de Éter em sua cintura vibrando. Salvar Kael, seu primo corrompido, ou salvar Noctumbra? O dilema era uma faca em seu peito.

Ela respirou fundo, o ar gelado queimando os pulmões. As acusações de Torren ecoavam em sua mente, cada palavra uma pedra atirada contra sua determinação. Lirion a encarou, os olhos brilhando com fé, mas até ele parecia hesitar. Veyra sentiu o Salão fechar-se ao seu redor, as runas nas paredes latejando como um coração doente. Ela ergueu o queixo, recusando-se a ceder. Mas a dúvida a corroía. E se Torren estiver certo?

Nas ruas de Valthor, o povo se amontoava em praças geladas. O hálito formava nuvens no ar cortante. Lanternas de Éter penduradas em postes de ferro piscavam, algumas apagando com um chiado triste. Cinzas voavam contra as estátuas dos reis antigos, seus rostos de pedra desgastados. Um artesão idoso, o cabelo grisalho emaranhado, ergueu um cristal opaco quebrado. “Vyrneth está entre nós!” Sua voz rouca cortou a multidão. “Os túneis tremem, e Varys nos traiu!” O nome de Varys incendiou os ânimos. Gritos de raiva misturaram-se ao vento uivante. Cada cinza lançada era um protesto contra Zoryn, um grito por mudança. As praças ferviam, prontas para explodir. Quem lidera essa revolta?

Um civil anônimo, envolto em um capuz esfarrapado, observava da borda da praça. Seus dedos apertavam um fragmento de cristal, os olhos fixos na multidão. Ele murmurou algo, as palavras perdidas no vento que gemia entre as estátuas. A luz do cristal em sua mão tremia, como se respondesse. Ele virou-se e desapareceu nas sombras, o eco de seus passos engolido pelo clamor da revolta. A multidão seguia, alheia ao vulto, enquanto o frio se intensificava, cortando como lâminas invisíveis.

O vento uivante das ruas parecia perseguir Veyra enquanto atravessava os corredores escuros da Fortaleza, o som abafado pelas paredes de pedra úmida. Nos aposentos privados de Zoryn, a luz de uma lanterna de Éter dançava, lançando sombras trêmulas. O cheiro de cera derretida pairava, misturado ao peso da tensão. Veyra enfrentou o rei, o cordão de prata em seu pescoço capturando a luz fraca. “Qual é a verdade sobre os cristais que despertam o Tecelão?” perguntou, a voz afiada, mas os dedos tremendo ao roçar o cabo da lâmina embainhada. Zoryn, de costas, encarava uma tapeçaria desbotada da Guerra das Sombras, os fios gastos como memórias quebradas. Ele hesitou, os ombros rígidos, o silêncio entre eles cortante como uma lâmina.

"Os cristais selados despertaram naquela guerra,” murmurou Zoryn, a voz baixa, quase engolida pelas sombras. Seus dedos apertaram o cordão de prata em seu pescoço, revelando tensão. Veyra deu um passo à frente, o chão frio sob suas botas. “Não vou ficar parada enquanto Noctumbra cai,” declarou, o tom firme, mas carregado de urgência. “Vou a Zefíria. Resgatarei Kael, com ou sem sua bênção.” O ar pareceu estalar. Zoryn virou-se, os olhos cinzentos faiscando com uma fúria contida, mas algo mais profundo — medo, talvez — tremia em seu olhar. “Você arrisca tudo por ele,” sibilou, o punho fechado contra a mesa, a madeira rangendo. “E se o Coração despertar por sua imprudência?” Veyra sustentou o olhar, o coração acelerado. “E se seu silêncio nos condenar?” retrucou, cada palavra um desafio.

O rei desviou os olhos, a mandíbula tensa, o cordão brilhando como um segredo preso à sua garganta. O que ele teme revelar? Veyra girou nos calcanhares, a capa esvoaçante, e marchou para a porta. O peso da escolha queimava em seu peito. Ela bateu a porta às suas costas, o estrondo ecoando como um trovão pelos corredores, um grito de determinação que desafiava o silêncio do rei.

Passos ressoaram, rápidos e firmes, como um eco de sua própria urgência. Drenar emergiu das sombras do corredor, sua armadura gasta refletindo a luz fraca, as cicatrizes em seu rosto marcadas pela dança da lanterna. Como guardião, ele carregava o peso de batalhas antigas, mas seus olhos castanhos ardiam com uma chama que não vacilava. Ele segurou o braço de Veyra, os dedos firmes, o toque uma corrente elétrica contra o frio do aposento. “Você não está sozinha,” disse, a voz grave, cortando o silêncio como uma lâmina.

Seus olhos encontraram os dela, uma promessa forjada no fogo do dever e algo mais, uma tensão perigosa, um desejo contido que pulsava entre guerreiros que conheciam o custo da guerra. Veyra sentiu o coração disparar, o peso de Kael e Noctumbra colidindo com o calor daquele toque. Ela apertou a mão dele, os dedos calejados de ambos entrelaçados, uma aliança selada na escuridão. A sombra de Zoryn ainda pairava, mas a força de Drenar era uma âncora contra as correntes invisíveis do segredo do rei. Por quanto tempo poderão lutar sem se quebrar?

O frio do aposento de Zoryn ainda agarrava-se à pele de Veyra enquanto ela descia aos túneis sob Valthor, o som do vento substituído pelo gotejar de água, como um relógio invisível. Os túneis eram um labirinto de escuridão. Drenar reuniu reformistas e civis em um espaço escondido, lanternas lançando sombras dançantes. Suas cicatrizes brilhavam sob a luz, marcas de batalhas passadas. “Com Veyra, abriremos Noctumbra ao mundo,” declarou, erguendo sua lança de prata. Os presentes murmuraram, alguns com esperança, outros com dúvida. Veyra, ao seu lado, hesitava. O peso de Kael apertava seu peito. Ela olhou para Drenar, os olhos dele encontrando os dela. “E se eu falhar com Kael?” sussurrou, a voz quebrando.

Drenar se aproximou, o rosto suavizado. “Lutarei ao seu lado, Veyra. Por Noctumbra. Por você.” O ar vibrou entre eles. Ele segura as mãos dela. Veyra sentiu um calor subir pelo braço, uma faísca que desafiava o frio do túnel. Eles lutam por Noctumbra, mas o coração os une. Porém a promessa era frágil, e os túneis pareciam fechar-se ao redor deles. Por quanto tempo essa esperança durará?

O eco do gotejar acompanhou Veyra de volta ao Grande Salão, onde o ar parecia mais pesado, carregado de um frio que se infiltrava nos ossos. Um cristal opaco incrustado no chão latejava com luz vermelha, como sangue vivo. Uma visão se formou: Kael em Zefíria, envolto em runas brilhantes, segurando um coral vermelho que tremia com vida. O chão estremeceu. Lirion irrompeu, ofegante: “O cristal nos túneis racha! O Tecelão está voltando!” O pânico explodiu, vozes se sobrepondo.

Zoryn, o rosto contorcido, apontou para Veyra: “Traidora! Sua busca por Kael nos condena! Prendam-na!” Torren avançou com guardiões, as espadas brilhando. Lirion e Lira se colocaram à frente, Lira tremendo, mas firme. Veyra sacou sua lâmina de Éter, a luz dançando na lâmina. Ela olhou para Drenar, que assentiu, a lança pronta. O Salão prendeu a respiração. Quem cairá primeiro?

Veyra parou, o coração disparado. A visão de Kael queimava em sua mente, o coral vermelho um farol distante. Ela apertou a lâmina, o metal frio contra a palma. O Salão parecia girar, as runas vibrando mais rápido. Ela respirou fundo, o ar gelado cortando os pulmões. Por Kael. Por Noctumbra. Ela deu um passo à frente, pronta para lutar.

O confronto irrompeu como uma tempestade. Drenar liderou os reformistas contra os guardiões de Torren, o clangor de espadas ecoando como sinos quebrados. Lâminas etéreas cortavam o ar, deixando rastros de luz. Um fio negro escapou do cristal rachado, serpenteando pelo chão. A voz do Tecelão sussurrou, sedutora: “Rendam-se, e o poder será seu.” Veyra, com um grito de raiva, conjurou uma explosão de luz etérea. A onda de energia destruiu o cristal, repelindo o fio negro. Mas o Salão colapsou, pedras despencando como trovões. Veyra, Lirion, Lira e Drenar correram para os túneis, o chão cedendo sob seus pés.

No caos, Veyra tropeçou, a mão roçando uma parede úmida. Ela olhou para trás, o Salão engolido por poeira e escuridão. O peso de sua escolha a atingiu: lutar ou cair. Drenar a puxou, os olhos dele cheios de urgência. Eles correram, o som de pedras caindo ecoando atrás. O túnel parecia vivo, vibrando com uma energia que fazia a pele formigar. Para onde eles estão correndo?

Nos túneis escuros, o grupo parou. O som de respirações pesadas misturava-se ao gotejar distante. Veyra e Drenar ficaram lado a lado, o silêncio carregado. Ele tocou a cicatriz em seu rosto, os dedos calejados traçando a marca com delicadeza. Veyra estremeceu, o gesto aquecendo o frio em seu peito. “Um futuro para Noctumbra, Veyra. Juntos,” murmurou Drenar, entrelaçando os dedos nos dela. Lira e Lirion, a poucos passos, trocaram olhares de esperança. Lira apertou o braço ferido, os olhos brilhando com determinação.

Veyra olhou para Drenar, o peso de Kael ainda em sua mente. Ela apertou a mão dele, a promessa silenciosa entre eles crescendo. Mas o túnel parecia observá-los, as sombras mais escuras do que antes. Ela respirou fundo, o ar úmido enchendo os pulmões. E se o futuro for apenas escuridão?

Fora da Fortaleza, o povo entoava um cântico fúnebre, as vozes subindo como fumaça. O vento uivava, carregando o frio que cortava como facas. Zoryn, entre os escombros do Salão, ergueu os olhos para o céu cinzento. “Veyra pagará,” jurou, a voz um sussurro venenoso. Suas mãos tremiam, o cordão de prata em seu pescoço brilhando com uma luz fraca. Ele olhou para as ruínas, o rosto marcado por algo além da raiva. O que o rei teme?

Veyra segurava um fragmento do cristal destruído, sua luz fraca tremendo com ecos de Zefíria. Drenar estava ao seu lado, um pilar contra as sombras. O túnel vibrava, o ar carregado de energia. Algo se moveu na escuridão. Um vulto, quase invisível, observava. Os olhos gélidos de Varys brilhavam como gelo sob a luz fraca. A névoa da fronteira, lá fora, rugia como uma fera, prometendo guerra. Nas profundezas de Noctumbra, o Coração de Sylvaraeth batia, um tambor lento e inexorável. Um sussurro ecoou, não do Tecelão, mas de algo mais antigo: “O Coração sussurra.” Veyra apertou o cristal, o pulso acelerado. A escuridão a encarava, e Zefíria chamava. Quem ousará responder?

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